terça-feira, agosto 17, 2010

Como me tornei um velho ao dirigir, sem perder a juventude

Califórnia. Pacific Coast Highway. A caminho de San Franciso. Num Dodge Charger. Um abril de 2009 mágico.
Mudar um hábito ou comportamento é difícil mas é possível. Parar de fumar, emagrecer, se exercitar. Parar de correr no trânsito também é possível. Sei porque eu mudei.


Basicamente um dia achei que estava gastando muita gasolina. 6 km por litro não é uma marca muito boa, e o computador de bordo estava indicando isso. Então resolvi que ia tentar aumentar essa média. Pra conseguir isso foi preciso andar mais devagar, sem pressa.


Já faz mais de um mês que mudei completamente meu estilo de dirigir. Já consegui melhorar a média para 6,2 km por litro. Sim, foi pouco, mas foi um grande passo para mim. E quer saber? Continuo chegando nos lugares. Agora com mais tranquilidade e economizando mais. Não quer dizer que não vou dar uma acelerada de vez em quando. Mas vai ser uma ocasião especial.


Como foi aliás a odisséia para deixar minha prima Yara no aeroporto de Guarulhos neste domingo. Às 14:35 estávamos saindo do restaurante para chegar no aeroporto por volta de 15:15. Mas eis que chega uma mensagem de minha afilhada Aline (minha prima e afiliada espiritual pois fui padrinho de crisma dela e naquele instante passei a ela toda fé que porventura eu ainda tivesse). Ela acabava de pousar em Congonhas para pegar uma conexão a Joinville. E aí não tivemos dúvida: vamos dar uma "passadinha" para dar um "oi", bem rapidinho.  Tínhamos que estar em Guarulhos no máximo 15:30 - o vôo da Yara saía às 16 hs - ou seja, exatamente no limite do permitido pela legislação.


Depois de um oi, dois ois, conversas risadas, fotinho, carro perdido no estacionamento, etc... saímos de Congonhas às 15:05. Ou seja, o trajeto entre Congonhas e Guarulhos, 39 km, teria que ser percorrido em menos de 25 minutos para dar tempo de chegar ao balcão do check-in. Não é exatamente a coisa mais fácil, mesmo em um domingo nublado e frio em São Paulo.


É nestes momentos que a Rodovia Ayrton Senna faz jus a seu nome, e se transforma numa verdadeira Autobahn alemã. E uma Autobahn não tem limite de velocidade. A qualidade da pista é ótima, larga, nova, e sem muito trânsito. Então foi preciso acelerar um pouco. E conseguimos. Deixei a Yara no portão de embarque às 15:28, e minutos depois ela me ligou dizendo que tinha conseguido.


Agora eu estava livre para voltar a dirigir como um velho num domingo procurando um endereço numa rua desconhecida à noite sem óculos.


But...


O domingo ainda não tinha acabado. E eu precisava ainda encontrar uma pessoa que estava me esperando. Uma pessoa muito especial para mim. E a Autobahn ainda estava (relativamente) livre. Então aproveitei o puro prazer de dirigir à luz de um sol preguiçoso em um domingo que seria ainda mais especial.


A solução não é correr. É sair antes. E chegar.


Mas se eu estiver numa Autobahn - e uma pessoa importante estiver me esperando - esticar um pouco mais a marcha será sempre um prazer.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Heleno. Estou chegando agora e gostei muito do que li! Parabéns pela clareza e inspirações!!! Daniela Bellaver

Unknown disse...

olá heleno, tenho as vezes esse problema de correr no transito, estou tentando me auto-educar.
mas busco mesmo esse auto-aquietamento por questões de segurança :)
ótimo post.
Obrigado,
att Bruno Pinna