Sim, eu era loiro, fofo (meu apelido até os 2 anos) e bonito. Depois, foi só dor e ladeira abaixo. Ver abaixo. |
Resolvi então fazer um breve balanço de minha vida (ok, nem tão breve, levei mais de 5 horas no auge da madrugada para escrever e reescrever) e compartilhar alguns dos meus momentos de dor e também os impactos que estas experiências me causaram. Ficou tão grande que vou dividir em 3 partes, publicando toda quarta. Assim, começo em ordem mazomenos cronológica:
- Tive a cabeça e os ombros encharcados de vômito pelo Jairo na fila de entrada no primeiro dia de aula da primeira série do primeiro grau na Escola Santa Cruz, em Nova Milano (RS). Fui socorrido pela minha prima mais velha, Yara, que foi chamada às pressas para me dar um banho. O conteúdo não era identificável, afora salame colonial.
- Impacto: não como salame e fico longe de pessoas que acabaram de comer salame. Também prefiro não ficar na frente de pessoas mais altas que eu numa fila.
- Impacto: aprendi a usar lápis de maquiagem, salvo novamente pela Yara e passei um bom tempo sem lavar o rosto na escola.
- Era obrigado a ir à missa todo domingo (pela manhã!!!!!!) durante 8 anos.
- Impacto: perdi a fé em Deus. E também não vou precisar casar, pelo menos não na igreja.
- Banhei meus cabelos com água oxigenada e fui ao sol, por não acreditar que isso deixaria meus cabelos loiros. Balela, eu pensava.
- Impacto: passei a depositar minha fé na ciência.
- No primeiro dia de aula, no primeiro dia de funcionamento do Leonardo da Vinci, colégio mais exclusivo de Caxias do Sul, a professora pediu que nos apresentássemos. Declarei que meu sonho era revolucionar o mundo, como Albert Einstein. Se você lembra do seu segundo grau, certamente sabe que adolescentes espinhentos de 14 anos são espécie universalmente conhecida pela crueldade. E digamos que eu exagerei um pouquinho em meu sonho.
- Impacto: ganhei o apelido de Einstein e fui um dos alunos mais populares do colégio. Se você nunca foi um loser popular, dificilmente vai entender que ser popular nem sempre é bom.
- Entrei no ônibus errado e fui parar Flores da Cunha. Como eu disse, estudava em Caxias do Sul e o destino era Nova Milano, em Farroupilha, a uns 30 km de Flores da Cunha.
- Impacto: passei a sempre olhar com muito zelo a placa que informa o destino do ônibus e desenvolvi uma desconfiança imediata de que estou no ônibus errado assim que ele pega uma estrada diferente da que sempre toma.
- Entrei no ônibus certo, dormi profundamente e desci no lugar errado. E São Sebastião do Caí definitivamente não é nada perto de Nova Milano.
- Impacto: insônia em ônibus desde então. Insônia felizmente não transferida a aviões com escala, e espero que continue assim.
- Passei uma tarde nublada jogando taco-bola na beira da praia em Imbé em um feriadão. Sem protetor.
- Impacto: aprendi que em dia nublado o sol também queima e tive que andar de chinelo por 3 semanas devido a queimaduras de 2o grau nos pés. Num início de inverno. Inverno de Caxias. No segundo grau. Onde eu já era bem popular.
- Eu era nerd, CDF, magro, sardento e orelhudo.
- Impacto: baixa auto-estima e vida social inexistente (varar noites jogando Super Nintendo não é válido como vida social). Hoje estou menos orelhudo, pois fiz plástica em 1998. Isso porque meus pais se compadeceram de mim quando descobriram que eu estava usando Super Bonder nas orelhas. Funciona bem, se você não se importa de andar com uma Super Bonder no bolso caso a orelha se descole. E ela sempre descolava, nos piores momentos.
- Tinha baixa auto-estima
- Impacto: conhecia mulheres vendo revista. Minha melhor tentativa foi escrever uma carta de amor em alemão, para a menina não ter ideia do que estava escrito, de tanta vergonha que eu tinha. Óbvio que ela foi falar com meu vô Ervino. Meu vô traduziu, até porque foi ele também que converteu minha carta do português para o alemão. Minha amiga ouviu atentamente. Veio conversar comigo. Me confessou que gostava do meu melhor amigo. Nunca mais escrevi cartas em alemão. E para tentar entender as mulheres, eu lia a Nova, que minha tia Nena assinava. Não creio que eu tenha entendido algo sobre as mulheres.
- Não tinha ideia do que as mulheres queriam.
- Impacto: nenhum. Continuo não sabendo. Freud não sabia. Ninguém sabe. Nem vai saber
6 comentários:
O que a parte 2 só na próxima semana!!??
Negativo!! NOW!
Rolei de rir.
Eu não precisei adotar a tática de usar super bonder nas orelhas quando era mais novo, pelo simples fato da minha mãe ter percebido isso antes que eu pudesse entender o quanto minhas orelhas eram grandes. Como toda mãe que ama seu filho, ela resolveu o "problema" do filho usando esparadrapos atrás de minhas orelhas.
Felizmente não tenho lembranças dessa época!
Esperar uma semana para postar a parte dois é sacanagem... NOW (2)!!P.S. Bah! Não me lembro de ti nas missas de domingo! Às vezes eu ía no sábado cumprir a "obrigação" para poder dormir no domingo... Por que será que nossos pais faziam isso conosco?
Amigos! Satisfação ver que gostaram do texto.
Marco, vou ter que esperar um pouco, ou vou ficar sem textos pra abastecer o blog, que raramente consigo abastecer =]
Giresse, fico feliz em ver que perceberam cedo tua "condição", e principalmente que não tem lembrança dessa época tão cruel.
Dani, você está muito esquecida, pois usava esse "truque" sujo da missa no sábado pra pular a de domingo hahahaha... Não podemos voltar atrás né, mas podemos liberar nossos filhos dessas agruras. Eu, por exemplo, vou somente obrigá-los a ver documentários sobre o universo no History Channel (todo domingo pela manhã, vale a pena ver!)
Bom Heleno!!!
Kkkkkk
Lembranças do Leonardo da Vinci....
Faz muito tempo neh!?
Bom Heleno!!!
Kkkkkk
Lembranças do Leonardo da Vinci....
Faz muito tempo neh!?
Postar um comentário