Bastardos Inglórios: cena em que matam Hitler no cinema. Ele estava falando muito alto. |
Sou chato.
Muito chato.
Quem me conhece sabe do que estou falando. Ou quem me segue no twitter e facebook. Todo dia perco amigos e followers. Mas tudo bem. Minha mãe ainda me ama (ver post abaixo).
Acho que sou chato porque raramente deixo de dar minha opinião, sobre tudo, mesmo que vá contra o senso comum (e é muitas vezes o caso). Também sou chato porque reclamo sempre que algo não está certo, desde o ar condicionado muito frio, passando por ter muito sal na batatinha do Mac e chegando até minhas odisséias no cinema.
Ah o cinema. Só pode ser perseguição. Aquela câmera na entrada tem um sistema de reconhecimento facial, tipo Minority Report. E dispara o alerta: o Heleno está no cinema! Imediatamente, uma pessoa, contratada pelo cinema, é enviada para sentar ao meu lado. E qual o job description dessa pessoa? Irritar o Heleno. Ponto. É só isso que ela tem que fazer, e faz muito bem, através de métodos variados, incluindo falar alto, não parar de falar, balançar a perna sacudindo toda fileira, entre outros. O de hoje resolveu inovar.
No Kinoplex Itaim, vendo Wall Street 2 (excelente), o mala resolveu ficar batendo o pé no chão. E de duas uma: ou só eu percebo e me incomodo, ou os outros percebem mas não dão bola. Quero crer que não sou o único no mundo que gosta de ver um filme sem alguém tagarelando e fazendo barulhos do meu lado. Não posso ser o único. Por favor, alguém me diga que também se incomoda com essas coisas para eu não me sentir tão solitário.
Por que acho que só eu me incomodo? Porque sou só eu que reclamo.
- Tem alguém aqui batendo o pé no chão?, perguntei ao mala, pois eu não tinha certeza se era ele.
- Sim, eu estou.
- Você poderia parar de bater o pé no chão? Não estou conseguindo me concentrar no filme.
Ele parou. A contragosto. Vi quando ele deu uma risadinha irônica, do tipo "que cara chato, eu nem tô incomodando ninguém, só ele reclamou"
Eu ainda fiquei incomodado por uns 10 minutos. É uma situação estressante você ter que falar esse tipo de coisa. Mas vale a pena, sempre vale. Tenho certeza de que ele vai pensar antes de começar a bater o pé no chão novamente. Ninguém, nunca, deve ter reclamado com ele. Nessas horas, me sinto como uma espécie de vingador moral, um defensor dos fracos e oprimidos cinéfilos que não têm coragem de levantar a voz contra as injustiças da sala escura. Um salvador dos que não reclamam, afinal, "pra que buscar confusão"?
Ora, se algo lhe incomoda, busque confusão. Ou sofra calado. Prefiro me expor. Tenho um histórico tão grande de reclamações no cinema que poderia fazer uns 10 posts só sobre isso. Como quando um cara me chamou de babaca, já que eu estava reclamando "só para impressionar minha namorada". Ou quando levei um pito da namorada porque eu estava fazendo Pshhhht para um mala mas "ninguém estava falando". Depois ela percebeu que havia sim alguém falando, e me deu razão - e para meu orgulho, tornou-se mais chata do que eu. Ou quando, num Cinemark vazio (filme nacional numa segunda) em Porto Alegre, 3 adolescentes ficaram gritando lá nas últimas fileiras. Fui até lá e os ameacei, um por um - era caso pra ameaça, eles não iriam parar de outra forma. Não adiantou, continuaram. Chamei o gerente, pedi reembolso e fui embora. Enfim, só alguns teasers do que acontece comigo.
Então, sou sim um xiita do silêncio no cinema. Se você for ao cinema comigo, por favor, deixe os comentários para o final. Ou pelo menos fale bem baixinho no meu ouvido, para não incomodar os outros. E se você for da espécie Cinefilus Falantis, bom, sugiro sentar longe de mim. Ou ficar em casa. Aí você pode fazer o que lhe der na telha. Mas, pelamordedeus, não considere a sala do cinema como uma extensão natural da sua má educação ou falta de noção.
O que me me tranquiliza em reclamar é saber que as pessoas geralmente não levam armas ao cinema, ou talvez eu já estivesse junto a James Dean no céu. Ou, mais provável, no inferno. Onde também vão estar todos malas que fazem barulho no cinema.
6 comentários:
Tah, não costumo comentar em blogs, mas me senti vingada por ser uma das que não levanta a voz contra os que incomodam... Quando alguém começa a balançar as pernas, não consigo prestar atenção em mais nada, parece que só isso está acontecendo... Mas, para mim, o pior é amiga que fica comentando tudo que ocorre no filme ou falando sobre outras coisas apesar da minha cara de falta total de interesse na conversa.
Hahahaha... pois é Nadja, saiba que tens aqui um defensor de todos que perdem a concentração no cinema. Desejo melhoras a tua amiga também =]
Olha Heleno, eu também me incomodo com pessoas que fazem barulhos ou conversam quando eu preciso de concentração... sabe, enche o saco! Principalmente em palestras (ou eventos do tipo), pq além de tirar minha atenção, acho a maior falta de respeito com o palestrante, daí além de incomodada eu tenho vergonha alheia! Eu fico mto p. da vida e tbm faço shhhhh... (em palestras obviamente não, mas eu olho pra ver se a pessoa se toca)... Sobre ser chato, eu tbm sou chata! Mas é chato tbm aquele que fala e faz barulho em momento indevido... Então eu te falo... chato por chato, todo mundo é chato! Então não se preocupe... c tá no seu direito de ser chato de modo recíproco ao indivíduo barulhento... kkkk... blog bacana! Tá de parabéns! Bjos!
Obrigado pelos comentários Mari, e pela solidariedade... a verdade é que chatos são eles né... a gente tem mais é que reclamar =]
Só uma dúvida, eu não sei que Mari você é =/
Nossa! Você sou eu!
Nossa! Você sou eu!
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