domingo, dezembro 17, 2006

Porque precisamos de relacionamentos (e ovos)


Eu amo Woody Allen. Quer dizer não ele exatamente, mas os filmes dele. Tem um filme que revi outro dia, "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (1977), uma tradução simplesmente ridícula para o nome original "Annie Hall" - que é nome da principal personagem, interpretada por Diane Keaton. Como todos outros filmes dele, fora os da fase em que fez filmes dramáticos a maneira de seu ídolo Ingmar Bergman, este é muito engraçado.

A história gira em torno do relacionamento entre Woody Allen e Diante Keaton, que aliás foi mulher de Allen. No final, eles acabam se separando.

Cerca de um ano após terem se separado, eles se reencontram para uma conversa "na boa". Após rever sua ex-namorada e conversar com ela sobre tudo que aconteceu, Woody Allen fala que foi muito bom ter revisto Annie e que vendo ela, lembrou de uma piada:

"Tem esse cara e ele vai pro psiquiatra e diz:

- Doutor, o meu irmão está louco, ele acha que é uma galinha.

Então o doutor diz:

- Bom, então porque você não interna ele?

- Eu até internaria, mas eu preciso dos ovos.

Bom, eu acho que é bem isso que eu sinto sobre relacionamentos. Você sabe, eles são totalmente irracionais, e loucos, e absurdos... mas, ahn, eu acho que a gente continua insistindo neles porque, ahn, a maioria de nós precisa dos ovos."

Achei simplesmente genial. A piada é muito engraçada, e o que ele diz faz sentido. Muitas vezes os relacionamentos parecem sem sentido e absurdos. Mas não temos como viver sem eles, a vida seria muito cinza sem os altos e baixos de qualquer relacionamento. E quanto mais profunda a relação, mais temos razões para vê-los como irracionais.

Acontece que no fundo, os relacionamentos têm uma lógica própria e não são nem mais nem menos irracionais que qualquer comportamento humano. A verdade é que homens e mulheres brigam, pensam e agem de forma diferente, mas não conseguimos viver um sem o outro. A razão principal para isso naturalmente é o instinto de perpetuar a espécie - outra forma de dizer que somos obcecados por sexo, e que não conseguimos passar um dia sem pensar nisso, quer dizer, desde que eu fiz sete anos nunca consegui passar um dia sem viajar nessa história. Mas isso é outra história.

E afinal, preciso dos ovos.

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